1. Tenha cuidado muito especial com sua aparência e atitudes pessoais, seja em trajes civis ou militares, pois, em muitas circunstâncias, sua pessoa é o espelho de toda nossa classe.
  2. Cuide com carinho do seu próprio preparo profissional, procurando ampliar continuamente, mediante estudo e a leitura, seus conhecimentos técnicos e cultura geral.
  3. Lute pelas oportunidades de ir para o mar; cada dia de permanência no mesmo equivalerá a uma aula prática, sem paralelo, para o seu preparo profissional.
  4. Não perca as oportunidades para demonstrar confiança em seus subordinados e, particularmente, sem que tenha comprovada razão, nunca duvide da palavra dos mesmos. O risco de estar sendo enganado nada significa comparado ao perigo da falta de confiança mútua entre superior e subordinado.
  5. Reconheça seus erros sem hesitação e, quando for o caso, mesmo antes de terem sido observados. Nada contribui mais do que isto para conquistar a confiança dos seus superiores e subordinados.
  6. Empregue todo o entusiasmo e dedicação na execução de suas tarefas, sem pensar em recompensa de qualquer espécie. Nenhuma recompensa será maior do que sentir que você está sendo realmente útil ao Brasil e, particularmente, à Marinha.
  7. Nos momentos difíceis não deixe o desânimo vencê-lo; mesmo sem convicção nos bons resultados finais de uma tarefa, continue a executá-la sem interrupção e com energia. Os resultados de uma tarefa concluída são sempre benéficos, quando comparados com as consequências de uma tarefa abandonada.
  8. Qualquer que seja a sua função, dedique-se a ela com entusiasmo e espírito de sacrifício, encarando-a como se fosse a mais importante da Marinha.
  9. Antes de fazer qualquer comentário entre colegas, sobre supostas deficiências de funcionamento de qualquer setor da Marinha, fora de sua alçada – seja da responsabilidade de um colega, seja da responsabilidade de um escalão superior – faça uma cuidadosa análise para verificar se o desempenho do setor, sob sua própria responsabilidade, está imune de crítica. Mesmo acreditando, sinceramente, que o funcionamento do seu setor está isento de deficiências, não se arvore em crítico de setores alheios.
  10. Nos momentos de perigo não se envergonhe de ter medo; entretanto, em hipótese alguma, permita que o medo o domine. A verdadeira demonstração da coragem consciente é a capacidade de dominar o medo, executando a missão recebida seja qual for o perigo da mesma.
  11. Nunca se utilize de terceiros, para fazer a seus superiores pedidos de interesse pessoal. Quando tiver uma reivindicação pessoal que considere justa, dirija-se, de forma adequada, à autoridade a quem cabe resolver seu problema.
  12. Enfim, proceda de tal maneira que, em qualquer circunstância, a melhor orientação que você poderá dar a seu subordinado será poder dizer-lhe “Faça como eu faço”.

Como verificar se escolheu corretamente sua carreira de Oficial de Marinha?

Se a escolha de sua profissão foi correta e ela constitui uma realização pessoal, você deve ser capaz de responder de forma positiva e incisiva às seguintes perguntas:

  1. Tracei um rumo e estabeleci uma meta a longo prazo, a ser alcançada em minha carreira como Oficial de Marinha?
  2. Acredito na Marinha, tanto em sua Missão como em seu caráter de indispensabilidade para a segurança nacional?
  3. Consigo obter grande satisfação profissional como Oficial de Marinha?
  4. Meu trabalho é apenas uma atividade de 40 horas semanais ou eu continuo a pensar nele fora das horas do expediente?
  5. Sinto necessidade de melhorar cada vez mais meus conhecimentos sobre a profissão de Oficial de Marinha?
  6. Demonstro, em minha atitude, vibração pela Marinha e sou motivado por outros fatores que não os de ordem material do tipo “O que é que levo nisso”?

Se o oficial de Marinha tem alguma dúvida de qualquer natureza quanto à sua atitude no que se refere às perguntas acima, então ele estará procedendo bem se reavaliar a sua decisão original quando a ter escolhido a Marinha como carreira.

NOTA do BLOG: O texto deste post foi retirado de um livreto publicado pela Marinha no início da década de 1980, por iniciativa do então Ministro da Marinha, Maximiano Eduardo da Silva Fonseca.

Os conselhos continuam totalmente válidos e servem também para as Praças e para os civis, em qualquer carreira ou profissão.

Nos tempos atuais, nos quais a correria do dia-a-dia pela sobrevivência ou pela manutenção de um estilo de vida consumista, impedem um auto-exame frequente na maioria das pessoas, esse texto vem ajudar na reflexão e na mudança consciente de nossas atitudes pessoais, para uma maior realização profissional e felicidade.

Para completar, seguem as palavras do saudoso Alte Maximiano, no final da introdução do livreto:

“Penso que o homem poderá considerar-se realizado na vida se, mesmo sem ter feito grandes coisas, ao se aproximar do seu final, não tenha arrependimentos dos caminhos trilhados ao longo da mesma; isto é, caso fosse possível recomeçá-la, os trilharia novamente.

O presente livreto, em suas duas partes, não tem maiores pretensões do que auxiliar os jovens da Marinha, apontando-lhes, de maneira extremamente sucinta, os caminhos que devem seguir para, um dia, sentirem-se realizados na vida”.

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Caipira

Vamos encaminhar um folheto de conselhos assim a nossa classe política…

Dalton

Faltou apenas um conselho:

Olhar a bombordo e a estibordo antes de atravessar a rua.

Marcelo Ostra

Er …. (rsss) Estibordo ?????

ah olhas estibordo e aquelebordo 🙂

Mod MO

Alexandre Marlon

Encaminhar esse folheto para nossa classe política em nada adiantará pois a maioria deles somente cumpre as leis na medida em que lhes favorece, e quando a lei lhes desfavorece está sujeita a ser alterada por eles próprios … e esse folheto nem sequer é alguma lei, irá direto para o lixo ou para o fundo de uma gaveta, na melhor das hipóteses.

Fernando Cabral

Vale pra qualquer ambiente profissional, gostei.

Angelo Nicolaci

Interessante esse folheto, seria ótimo que fosse propagado em nossas escolas e universidades, pois vemos hoje muita falta de profissionalismo em geral, as pessoas estão escolhendo profissão com olho no salario e não no principal, sua vocação e a importancia de sua atividade para o desenvolvimento nacional

catraca

Pra quem esta começando o psicológico é o fator mais importante….muitos que entram nas escolas militares não tem a mínima noção do que irá encontrar lá dentro……é outro mundo e é preciso estar preparado para vivê-lo.

Alexandre Marlon

Em um país onde o único enfoque é somente ganhar dinheiro, não importando o que faça, não importando se ele é a meta que a pessoa queria trabalhar como:programador de computador, engenheiro, pipoqueiro, … por exemplo. As pessoas nem tem metas, nem perto chegam de ter um ideal a conquistar, a não ser ganhar dinheiro e sem importar como. Angelo Nicolaci, em outras palavras e resumidamente, isso em nada me surpreende. A gurizada hoje em dia só quer dinheiro, sem importar como irá obtê-lo(se roubando, traficando, trabalhando em absolutamente em qualquer coisa(de preferência que dê muito dinheiro e tenha de… Read more »

Alexandre Marlon

Aliás se bem lembro, no mês passado foi realizada uma pesquisa em que os jovens britânicos não tinham mais ideal de vida ou algo assim. Que somente procuravam fazer o que desse mais dinheiro e menos esforço, que isso já estava a começar a gerar problemas na obtenção de mão de obra em atividades que eram mais importantes para a sociedade mas que tinham pouca remuneração. Realmente estou sem lembrar direito da matéria que vi em um jornal eletrônico(BBC em portugues, O Globo online, Folha online). Foi em um desses jornais que vi a matéria. Infelizmente isso já é um… Read more »

Alexandre Marlon

Mas para a gurizada, idependentemente da área é uma ótima cartilha mesmo, pena que a maioria nem sequer daria importância para ela …

Jonny Lima

Excelente. Grande legado, entre outros, do saudoso Almirante Maximiano.

jacubao

Mesmo que um folheto desse não tenha resultados imediatos nos nossos políticos a curto prazo, poderia ter resultado na sociedade a longo prazo e até lá, esses “sanguessugas” do poder de hoje, já seriam meros “restos mortais” ou velhos que não iriam aguentar dar um “peido sem cagar as cuecas”, ou seja, seriam (na teoria) inofensivos a sociedade e os novos políticos (da época) já teriam (ao menos) conhecimento desse folheto que os colocariam no caminho certo do valores éticos, coletivos e morais da sociedade como um todo.